sábado, 5 de março de 2011

MISTÉRIOS E LENDAS DE PERUÍBE

Por trás de suas belezas, Peruibe esconde muitos mistérios e lendas, algo que deixa muitos munícipes a se pensar: será que existe mesmo?

Mistério da porta e janela

Conhecido tambem como Pedra da Serpente, é um dos locais onde muitos relatam ter observado luzes e seres estranhos. Um conto indígena diz que ali existia uma gruta da qual saíam fumaça e fogo. Um dia, os deuses a fecharam, deixando na porta os contornos que lembram uma serpente.
Atualmente, há relatos no local de que, à noite, é vista uma pessoa loira de quase dois metros de altura, com cabelos muito longos, vestindo algo semelhante a um macacão prateado; outras vezes, usa uma túnica branca e, na altura do peito, um emblema de uma serpente. Ela se dirige à rocha, entra na mesma e desaparece.
Há relatos de aparições luminosas com forte brilho esbranquiçado que saem da Pedra, como cita "seu" José; segundo ele, a pedra parece ser um “portal”, e muitos sentem “algo” de estranho ao lado dela.

Catelinho da prainha

Diz-se que nesse castelo aparece um homem vestido de bruxo que algumas noite do ano, aparece na janela que dá para o mar. Não se sabe ao certo quando ele aparece mais já há relatos de alguns munícipes que avistaram o fenómeno.

Noiva na praia

Essa noiva aparece na praia de parnapoã a noite, muitos já avistaram ela andando na praia. Diz-se que ela queria muito casar e foi abandonada pelo noivo no dia do casamento.

Tucano de Bico de Ouro

Lenda da região da Juréia-Itatins, confirmada pelos pescadores da região do Guaraú. Segundo ela, há um tucano de bico de ouro que aparece a cada sete anos, voando no Morro do Pogoça e no maciço da Juréia; diz-se que a pessoa que vir o tucano de bico de ouro será muito rica. Há também a lenda dos vaga-lumes; no dia de aniversário da morte do Padre Leonardo Nunes (em junho), a Capela de São João Batista retoma a sua forma.

Lenda do Pogoça

na tribo dos tupiniquins havia um cacique de bravura e coragem inigualáveis. Seu nome era Peroibe. Sua valentia era conhecida e a terra de Peroibe, respeitada por todas as tribos ao redor.
Um dia, quando Peroibe e seus guerreiros perseguiam um suaçu (veado), chegaram a uma fonte de águas cristalinas. Como estavam cansados, beberam e, de repente, o cansaço sumiu e o vigor se restabeleceu em seus corpos. Todos gritaram: "Icaraí! Icaraí!" (água santa) e retornaram à aldeia, contando a descoberta milagrosa.
Foram as mulheres que mais se serviram das águas da fonte, mantendo-se sempre jovens e desejadas pelos guerreiros de todas as tribos, o que fez com que as moças de outras tribos sonhassem também com o uso da água milagrosa. Juréia, filha única do cacique Pogoça, da tribo dos carijós, na retama (região) de Igua, soube da descoberta e, ao pegar o caminho da ibicuí (praia de areia fina), chegou à retama dos tupiniquins, alcançou a fonte e mergulhou nas águas cristalinas.
O cansaço sumiu e o corpo de Juréia vibrou ao sentir uma corrente deliciosa, até então nunca sentida, fluindo por todas suas células. Com seus lábios semi-abertos, as pálpebras semicerradas e as pupilas dilatadas, experimentou um desejo novo, misterioso e confuso: ao mesmo tempo queria correr e agir, soltar-se, mas também abandonar-se e estremecer ao toque das águas que, como mãos atrevidas e invisíveis, acariciavam seu corpo.
Peroibe, que estava descansando na pindi (clareira) a poucos metros da fonte, ouviu o barulho das águas e, abandonando seus sonhos e divagações, virou-se naquela direção. Viu o rosto e o corpo de Juréia e ficou como que enfeitiçado. Extasiado, imóvel. Tentou gritar, mas de sua boca só escapou um sussurro: “Deusa! Deusa!”
Juréia sentiu algo quente que a tocava vindo da mata, olhou e viu a figura imóvel de Peroibe. Pensou: "Um deus!" E, rápida como um ati (ave), saiu da água e desapareceu pela ape (trilha). Peroibe, ainda sem saber se a imagem que tinha visto era real ou fantasia, com o coração batendo rápida e impacientemente, logo ficou em pé e meteu-se na mata em busca de Juréia.
Pogoça sentiu a falta da filha que não via há dias e, quando ela apareceu, quis saber aonde tinha ido. Sabendo da verdade, enfureceu-se e, com a ajuda dos pajés, enclausurou Juréia na caverna de Itabirapuã (pedra em pé redonda), no topo do Ibitira (morro), para poder ser vigiada por todos os lados. A porta de pedra fechou-se para sempre, por medo de que o deus que a filha tinha visto tentasse roubá-la de novo.
Em vão, Peroibe vasculhou as matas e, cansado e esgotado, entrou em tristeza profunda; negava-se a comer e a beber da água da fonte que os pajés lhe traziam. Nos seus sonhos perturbados, sussurrava: “Deusa, deusa!”
Os pajés se juntaram em conselho e resolveram evocar Guaraci (Sol), pedindo ajuda. Atendendo ao pedido, Guaraci, até que a amada de Peroibe retorne, transformou o guerreiro numa rocha, para que Ara (o tempo) não o transformasse, e disse que somente o calor dela poderia despertá-lo.
Enclausurada, Juréia chorava e evocava Japoracira (Lua), sua protetora, para que a ajudasse a reencontrar seu amado deus. Japoracira se entristeceu e, cheia de compaixão, transformou-a em bola de fogo.
Assim, em certas noites ela sai de sua prisão, percorrendo os sambaquis em busca de seu amado. No dia em que encontrá-lo, petrificado, o despertará do sono eterno com seu calor, e a porta do Pogoça se abrirá, libertando-a para que os dois possam se unir. Aí, então, renascerá a raça perdida dos bravos tupiniquins.

4 comentários:

  1. Mais a Juréia não era filha do cacique.e eles se apaixonaram.

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  2. Que lindo!!!
    Mas quem é sensitivo sente muita tristeza nessa região devido ter havido uma senzala neste morro onde centenas de escravos ali morreram e foram enterrados.

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